Bem-vindo ao Líbano

Líbano sempre foi um país que instigou minha curiosidade. Temos em São Paulo uma influência muito presente dos descendentes de libaneses em tudo, desde a tradicional esfirra nos bares, até o renomado Sírio-Libanês. Na Europa Beirute é sinônimo de festa. Contemporaneamente, Beirute é lembrada pelos bombardeios de Israel em 2006 e pelo gigantesco fluxo de refugiados oriundos da Síria que ela abriga.

Ao contrário do que muita gente pode imaginar, o Líbano não é um país fácil de visitar. As distâncias são curtas, afinal o país é menor que o Estado do Sergipe, mas é montanhoso. Tem estradas razoavelmente perigosas e check points espalhados por todos os lados. Falando em check points, são tantos que  incomoda. No melhor dos casos, seguram o trânsito e atrasam qualquer passeio. Militares fardados simplesmente seguram carros em filas indianas, liberando um a um. Quando temos o desagradável azar de sermos selecionados para revista, homens de pouco senso de humor querem ver documentos, o porta malas e saber quem é quem, quem vai aonde e fazer o quê? É realmente desagradável, mas no fundo entendo que não estão localizados em uma região das mais pacíficas do mundo. Check points estão espalhados dentro das cidades, em avenidas, e também nas rodovias do país.

A organização deste post será respectivamente: Beirut – Baalbek – Byblos – Nossa Senhora do Líbano e a incrível Comida Libanesa.

Beirute

Capital do país e uma das cidades mais vibrantes do Oriente Médio, Beirut mostra todas as matizes do Líbano.

Seria exagero dizer que é uma cidade linda, mas o contraste de arquitetura contemporânea com edificações seculares e a preservação de resquícios de guerras torna a cidade muito interessante para quem estiver a fim de encontrar sua beleza.

O antigo Bazar de Beirut é, hoje, um shopping a céu aberto com um estilo arquitetônico bem local. É interessante como uma edificação tão nova conseguiu conversar tão bem com os prédios mais antigos.

Um dos resquícios de guerra, propositalmente preservado pelos libaneses, é este edifício clássico à esquerda, bem ao lado do Cinemacity. Observando mais de perto, podemos ver as marcas de fogo e de tiros. Causa grande impressão encontrar um prédio “filho da guerra” anexo a um shopping center dos mais contemporâneos da cidade.

Ao lado do bazar temos muitas ruas comerciais que lembram muito a arquitetura europeia.

Em algumas ruas me sentia na Itália e em outras na Espanha.

Após algum tempo peregrinando no centro, começamos a ir para a Mesquita Central de Beirut. No caminho foi instalada uma obra de arte que é uma intervenção permanente maravilhosa na cidade.

Logo na esquina, está a praça mais famosa de toda Beirut, a Praça dos Mártires. Considerando a quantidade de guerras que Beirut atravessou, dificilmente haveria um nome mais propício. Aqui encontramos uma gigantesca bandeira do Líbano, o famoso cedro libanês, imperando nessa área aberta gigantesca.

Essa praça nem sempre foi assim. Em uma conhecida loja de frutas secas e doces, o simpático proprietário me mostrou com orgulho uma foto de como era a praça dos mártires antes da guerra civil libanesa da década de 1970.

Durante a guerra civil, ela foi o limite entre os lados beligerantes e virou uma terra de ninguém. A evolução desta praça é historicamente muito interessante e indico clicar aqui para ver as fotos históricas do local.

Apenas em 2002 começaram as obras da Grande Mesquita de Mohammad Al-Amim. Atualmente fica difícil imaginar a praça dos mártires sem a mesquita.

Por dentro, como de costume, um ambiente amplo, rebuscado e tranquilo.

Indo em direção da corniche (calçadão beira mar), temos o mais famoso cartão postal do Líbano, a Raouché, ou Pigeon Rocks. Essa formação rochosa é muito inusitada e rende fotos lindas na corniche.

BAALBEK

Baalbek fica cerca de duas horas de carro de Beirut. A ida até Baalbek foi cheia de check points e, sinceramente, é impossível simplesmente alugar um carro no aeroporto e percorrer o país. As estradas são pouco sinalizadas, libaneses voam e não obedecem faixas de trânsito e enfrentar check points sem falar árabe deve ser uma experiência traumática.

Baalbek é um dos grandes motivos de ir até o Líbano. Seu complexo de construções abriga o maior templo construído em todos os tempos pelo Império Romano. Eu não sabia, mas existe uma legião de pessoas que  têm certeza absoluta de que a região serviu de “aeroporto” para discos voadores há 5 mil anos. E, segundo eles, os templos romanos foram construídos sobre esse “aeroporto” de naves alienígenas.

Crenças a parte, Baalbek fica no majestoso vale do Beqaa a 85 km de Beirute e 75 km de Damasco. Sua população majoritariamente xiiita e com boa permeabilidade do Hamas. A mesquita principal da cidade fica bem ao lado do complexo de construções romanas. A fachada é linda, com cores azuis e trechos do alcorão escrito, mas infelizmente recebi a recomendação de não entrar. Acredito que a recomendação do motorista foi por ele ser sunita, mas não posso afirmar nada, apenas especular.

O Líbano e Síria de hoje formavam a província da Fenícia do Império Romano. Baalbek era conhecida como Heliópolis, ou cidade do sol. Heliópolis era terra de politeístas. Dentre os deuses venerados estavam Júpiter, Vênus, Baco, e, para eles, foram construídos e dedicados alguns dos templos de Baalbek.

Os grandes destaques deste complexo arqueológico são o Templo de Júpiter, o maior construído em todo o Império Romano e o Templo de Baco, um dos mais bem preservados.

Restam do Templo de Júpiter 6 colunas de 22 metros de altura e sua fundação. Por ser construído na parte mais alta do complexo, é dele que temos a melhor vista das ruínas.

Ainda que Júpiter seja o maior, é o Templo de Baco que mais nos leva em uma viagem no tempo.

Por dentro, as paredes esculpidas contam um pouco do uso do templo.

Detalhe do teto dos corredores externos do templo. As pedras esculpidas fazem um trabalho similar ao que encontramos atualmente em madeira talhada.

Uma dica de passeio para aproveitar a estrada até Baalbek é passar na Ksara. Suas videiras, espalhadas pelo viçoso vale do Beqaa, não estão na propriedade, mas é um lugar agradável. O passeio bem pelas barricas de carvalho é bem bonito. Estas estão espalhadas em diversos corredores que abrigaram cristão escondidos dos romanos.

Byblos

Byblos foi uma agradável surpresa. Porto historicamente importante do Mediterrâneo, exportava, já no tempo dos faraós egípcios, troncos de cedros do vale do Beqaa.

Byblos é organizada, limpa, bonita e agradável.

Como é muito turística, existem diversas lojinhas.

Atravessando o centro histórico em direção ao porto, encontramos um monastério com jardim e uma igreja muito agradáveis. Vale notar que 12% da população libanesa é cristã.

Foi interessante presenciar uma missa no monastério. Além de estar lotada, foi proferida em árabe.

Chegando no histórico porto, temos um singelo monumento da diáspora libanesa no mundo.

Por último, todo passeio em Byblos não será completo sem visitar as ruínas do forte.

A vista do Mar mediterrâneo é incrível.

Santuário Nossa Senhora do Líbano.

A devoção dos libaneses à Nossa Senhora do Líbano é antiga. Ainda durante o período fenício, com a peregrinação de Maria pela região fugindo dos romanos, surgiu a devoção que perdura até hoje. Com a grande imigração de libaneses para o Brasil, encontramos nas maiores cidades brasileiras igrejas dedicadas a ela, assim como festivais e quermesses.

O lindo santuário fica entre Byblos e Beirute, em um local  elevado e próximo do litoral.

A paisagem é incrível.

A COMIDA LIBANESA

Sempre gostei, mas muitas vezes provamos a comida típica na versão “original” e não gostamos. No caso do Líbano foi o contrário. Comida Libanesa (que no Brasil chamamos de comida árabe) é muito melhor aqui. Não teve 1 prato que não estava incrivelmente saboroso. Nas próximas fotos teremos esfirras (Baalbek), doces, frutas secas, nozes, wraps, e falafel. Tudo bom demais. Deixo vocês por aqui, mas sei que ficarão com água na boca.

 

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